Chapada Diamantina tornou-se referência de destino turístico para a prática de esportes de aventura; veja fotos - Ibicoara de Todos

Chapada Diamantina tornou-se referência de destino turístico para a prática de esportes de aventura; veja fotos

Trekking na Chapada Diamantina: Os 8 maiores cumes da Bahia

Por Orlandinho Barros/Guia Chapada Diamantina

(Foto: Dmitri de Igatu)
(Foto: Dmitri de Igatu)

Há alguns anos, a Chapada Diamantina tornou-se referência de destino turístico para a prática de esportes de aventura, especialmente o trekking, que é o mais acessível. Com várias trilhas traçadas e opções de lazer das mais variadas, a Chapada Diamantina atrai milhares de visitantes anualmente, em busca de contato com a natureza em seus inúmeros atrativos naturais.

A região da Chapada Diamantina é parte da cadeia do Espinhaço e possui uma grande variedade de formas de relevo como rios, cachoeiras, campos gerais, cânions, vales, morros, montanhas, mirantes e abismos. A paisagem muda em cada trilha percorrida.

Montanhas (Foto Reprodução Guia Chapada Diamantina)

O mosaico de trilhas contempla trekkings para todos os gostos: leves, moderados e avançados. Devido à facilidade de acesso e à infraestrutura turística, o quadrilátero Lençóis, Mucugê, Palmeiras e Andaraí tornou-se o principal polo de visitação da Chapada. Essas cidades são os pontos de partida para as regiões mais procuradas, como o Vale do Pati, Vale do Capão, Igatu e Ibicoara.

Mas existe uma região da Chapada ainda pouco visitada, as chamadas Serras Altas. Essa grande área engloba cinco municípios no sudoeste da Chapada Diamantina, são eles: Piatã, Abaíra, Rio de Contas, Rio do Pires e Érico Cardoso.

A APA da Serra do Barbado, com 63.652 ha engloba boa parte dessas serras e quase todas as principais montanhas mais altas, exceto o Pico das Almas, que fica na Serra das Almas em Rio de Contas. Nas Serras Altas estão as maiores elevações da região Nordeste do Brasil: são mais de 20 cumes com mais de 1.500 metros de altitude. Todos estão dentro de Unidades de Conservação, sendo o acesso do Pico do Barbado, por dentro de uma RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural.

O que é RPPN?

Reserva Particular do Patrimônio Natural é uma Unidade de Conservação de rara beleza e de exuberante riqueza da flora e da fauna, cuja visitação é permitida mediante aviso prévio ao seu proprietário.

Mas na Bahia tem Montanha?

Definição de Montanha

Neste artigo utilizarei as mesmas definições usadas por Máximo Kausch e equipe no projeto Andes 6000+. Portanto, uma montanha é caracterizada quando a sua altura, considerada a partir do colo mais elevado até seu cume, dividida pela sua altitude for maior ou igual a 0,07. Multiplicando esse resultado por 100, obtemos o índice de dominância de um Cume.

Um Cume é qualquer elevação destacada do relevo circundante e identificada no mapa topográfico e/ou na imagem de satélite. Um cume, se não for classificado como Montanha, será chamado de sub cume vinculado a uma Montanha, ou simplesmente de morro quando isolado.

Na tabela de Montanhas da Bahia logo abaixo, constam as principais informações das 16 mais altas Montanhas da Bahia, das quais 15 estão localizadas na região das Serras Altas, apenas o Pico dos Três Morros está fora. Para selecionar as Montanhas, utilizamos as cartas topográficas da SUDENE de 1975, escala 1:100.000 e análises de imagens de satélite do Google Earth. Depois das medições em campo, compilei as informações e elaborei a tabela.

Coloquei na tabela dois cumes com índice de dominância menor que 7% porque são subcumes relevantes. O Pico dos Frios cume leste fica próximo ao cume principal, distante apenas 1,5 km e ambos no paredão do vale do Guarda Mor ao norte, com o vale da Mutuca a oeste. Já o Tijuquinha, um subcume de uma Montanha ainda sem nome na Serra da Barra, tem um imponente paredão que marca o fim do vale Bem Querer-Tijuquinha.

Por que as 16 mais altas?

(Imagem: Reprodução Guia Chapada Diamantina)

Na tabela a seguir constam 18 Cumes, sendo 16 Montanhas e 2 Subcumes. Como trata-se de uma região pouco visitada, distante da cidade e sem trilhas de acesso para todos os Cumes, muitos deles nem nome têm, então me concentrei no estudo dos 18 Cumes mais altos inicialmente, mas continuarei a análise dos demais no futuro.

Apenas o Barbado, Elefante, Almas, Itobira e Três Morros já tinham nomes, eu e Dmitri de Igatu batizamos o Bicho, Mutuca, Frios e Guarda-Mor com base na geografia local. E, sozinho, batizei o Paredão e o Cigano. Os demais da tabela, não visitei, portanto não foi possível batizar ainda. Todos os nomes recentes estão em revisão porque às comunidades locais caberá a palavra final sobre essa questão

A região de Piatã e Abaíra

Trekking ao redor de Piatã. (Foto: Açony Santos)
Trekking ao redor de Piatã. (Foto: Açony Santos)

Piatã é a cidade mais alta e a mais fria de toda região nordeste do Brasil com 1.280m de altitude. A temperatura média nos meses de inverno é de 9o C; em 2019, a sensação térmica na cidade chegou a -1o C.

O município possui cachoeiras, poços, trilhas e muitas Montanhas interessantes. Além disso, em Piatã é produzido um dos melhores cafés do Brasil com premiações internacionais. É considerado o principal ponto de apoio para as Serras Altas, mas, para quem não necessita de muita infraestrutura urbana, a cidade de Abaíra está mais perto das Serras. O distrito de Catolés, em Abaíra, atende às necessidades dos menos exigentes, não tem sinal 4G, mas tem wifi nas 2 pousadas.

Para acessar a maioria dos cumes das Serras Altas, a estrada passa por Catolés.

Os 8 maiores cumes da Bahia

1- Pico do Barbado (2.033 m)

Pico do Barbado. (Foto: Dmitri de Igatu)
Pico do Barbado. (Foto: Dmitri de Igatu)

É o mais alto de toda a região Nordeste do Brasil e o 31º mais alto do país. A trilha de acesso inicia no distrito de Catolés de Cima, distrito de Abaíra, onde há um estacionamento gratuito.

É possível contratar condutores em Catolés. Geralmente gasta-se entre 3-4h até o cume.

O retorno é pela mesma trilha de subida. Do seu cume é possível avistar todas as outras 15 montanhas. Embaixo de umas pedras está o livro de cume.

2 – Pico do Elefante (1.980 m)

Pico do Elefante visto do pré-cume sudeste. (Foto: Orlandinho Barros)
Pico do Elefante visto do pré-cume sudeste. (Foto: Orlandinho Barros)

A trilha de acesso é a mesma do Pico do Barbado, no colo da Forquilha, há uma discreta trilha à direita que leva ao subcume sudeste do Elefante. A partir de lá, há uma trilha bem definida até o cume principal onde encontra-se um livro para registro de visitação. De lá avistamos todo o vale do Bem-querer e o cume do Tijuquinha ao norte.

O pico do Barbado é visto ao sul, bem próximo, dá impressão de ser uma continuidade.

3 – Pico do Bicho (1.970 m)

Pico do Bicho ao centro com o Barbado à direita. (Foto: Orlandinho Barros)
Pico do Bicho ao centro com o Barbado à direita. (Foto: Orlandinho Barros)

O acesso ao Pico do Bicho se dá pela localidade do Guarda-Mor, 6km após entrar à esquerda no centro de Catolés. Lá podemos estacionar os carros e solicitar autorização do proprietário. Do estacionamento, seguimos pela linda subida da mata dos Frios, depois descemos um pouco até um pasto largo no alto.

De lá, há uma trilha subindo um córrego à direita até um pasto encharcado. Desse pasto em diante não há caminho, sendo necessário contratar um condutor credenciado em Catolés.

Boa parte da subida é por uma grande laje de quartzito recheada de bromélias e orquídeas. O seu cume é bem arredondado, semelhante ao Barbado. Existe um livro de cume lá, embaixo da pedra mais alta.

Na direção noroeste, há um subcume interessante, provavelmente não visitado por forasteiros.

4 – Pico da Mutuca (1.965 m)

Pico da Mutuca visto dos Gerais dos Cristais.  (Foto: Orlandinho Barros)
Pico da Mutuca visto dos Gerais dos Cristais.  (Foto: Orlandinho Barros)
A caminho do Pico da Mutuca. (Foto: Reprodução/Guia Chapada Diamantina)
A caminho do Pico da Mutuca. (Foto: Reprodução/Guia Chapada Diamantina)

Quarto ponto mais alto da Bahia e da região Nordeste. Localizado na região de Catolés, distrito de Abaíra. O início do acesso é o mesmo do Pico do Bicho. Após a descida da mata dos Frios, no pasto largo, viramos à esquerda e cruzamos o rio do Bicho na cerca. Daí subimos pela trilha até o gerais dos cristais, depois procuramos por uma pedra grande destacada no sopé da mais alta Montanha do nosso lado direito, é onde começa o ataque ao cume. Para chegar até lá, é necessário contratar condutor credenciado.

Há água suficiente até a pedra grande, é possível acampar na base no gerais dos cristais. Tempo total de trekking a partir do carro aproximadamente 3 horas de ida.

5 – Pico das Almas 1 (1.958 m)

Pico das Almas. (Foto: Dmitri de Igatu)
Pico das Almas. (Foto: Dmitri de Igatu)

Acampamento nos Gerais do Queiroz. (Foto: Açony Santos)
Acampamento nos Gerais do Queiroz. (Foto: Açony Santos)

A Montanha mais visitada das Serras Altas. Até meados da década de 1980, era considerada oficialmente como a mais alta da Bahia, isso constava nos livros de geografia.

Várias agências e condutores credenciados de Rio de Contas oferecem pacotes de passeios de um dia para o Pico das Almas. É possível e recomendável incluir a visita a outros atrativos da região como comunidades quilombolas e cachoeiras.

O ataque ao cume se dá por escalaminhada emocionante na face nordeste, oposta à da foto abaixo.

Os gerais do Queiroz, caminho para o Pico das Almas, é uma atração à parte com suas formações rochosas exóticas, é um ótimo local para acampar.

6 – Pico dos Frios (cume oeste) (1.955 m)

Pico dos Frios, cume oeste à esquerda e leste à direita (Foto: Orlandinho Barros)
Pico dos Frios, cume oeste à esquerda e leste à direita (Foto: Orlandinho Barros)

Uma Montanha com dois cumes, na beira do abismo do Guarda-Mor, com vista para a Serra do Atalho e grande parte das Serras Altas. O acesso de dá pelo Gerais dos Cristais, um pouco depois de terminar a subida, é possível avistar o seu cume à esquerda da trilha.

É a mais fácil e mais acessível. Mesmo não existindo trilha para ataque aos cumes, chega-se rapidamente ao cume oeste (o da esquerda na foto abaixo) apenas caminhando por entre as lajes e arbustos.

Para se chegar ao subcume leste, distante 1,5km, gasta-se 1 hora de ida. O retorno pode ser descendo pelo Rolling Stones, ou pelo mesmo caminho de subida.

7 – Pico do Itobira (1.930 m)

Pico do Itobira ao amanhecer – foto feita no subcume com o Pico do Barbado ao fundo. (Foto: Orlandinho Barros)
Pico do Itobira ao amanhecer – foto feita no subcume com o Pico do Barbado ao fundo. (Foto: Orlandinho Barros)

Cume do Itobira. (Foto: Açony Santos)
Cume do Itobira. (Foto: Açony Santos)

O Pico do Itobira faz parte da famosa travessia dos 3 Picos na Chapada Diamantina. Seu formato de cone vulcânico e sua pequena área no cume, são atrativos especiais dessa Montanha baiana.

O acesso é a partir de Rio de Contas, seguindo pela estrada da Caiambola até o estacionamento na base. Do estacionamento até o cume é uma subida contínua, acentuada no final próximo ao subcume onde são armadas apenas duas barracas.

Na época certa, é possível presenciar o raro fenômeno do mar de nuvens ao amanhecer como na foto abaixo. Várias agências de turismo e condutores credenciados oferecem pacotes para o Itobira e/ou 3 Picos (Pico das Almas – Itobira – Barbado), é uma travessia IMPERDÍVEL!

8 – Pico do Guarda-Mor (1.930 m)

Pico do Guarda Mor a partir do Pico dos Frios subcume leste. (Foto: Orlandinho Barros)
Pico do Guarda Mor a partir do Pico dos Frios subcume leste. (Foto: Orlandinho Barros)

O Pico do Guarda Mor tem a mesma altitude do vizinho Itobira e índice de dominância parecido, porém são completamente diferentes. A forma dessa Montanha está dentro do padrão geral das Serras Altas: um grande morro arredondado.

Para alcançá-lo, parte-se do estacionamento do Guarda-Mor e sobe o Rolling Stones, que é uma extenuante e longa subida pelo paredão. Ao final dessa subida, ainda tem uma longa caminhada no sentido leste subindo a longa crista da Montanha até o cume. Gasta-se 3h de ida do estacionamento até o cume.

Outras montanhas da Chapada Diamantina

Alguns cumes, mesmo não tendo índice de dominância mínimo, são classificados como montanhas devido à sua relevância, seja em termos de beleza, localização ou outra característica que a torne muito conhecida ou atraente.

Em todo o mundo existem montanhas que não atendem ao requisito mínimo para tal classificação. Assim também acontece na Chapada Diamantina. Cumes como o Manoel Vitor, Morro da Lapinha, Morrão, Morro do Camelo, Esbarrancado e Tijuquinha são chamados de montanhas.

Morro Manoel Vitor, no Vale do Pati. (Foto: Caiã Pires)
Morro Manoel Vitor, no Vale do Pati. (Foto: Caiã Pires)
Morro do Castelo ou Morro da Lapinha, no Vale do Pati. (Foto: Caiã Pires)
Morro do Castelo ou Morro da Lapinha, no Vale do Pati. (Foto: Caiã Pires)
Morrão, no Vale do Capão, em Palmeiras (Foto: Branco Pires)
Morrão, no Vale do Capão, em Palmeiras (Foto: Branco Pires)
Morro do Camelo, em Palmeiras. (Foto: Thais de Albuquerque)
Morro do Camelo, em Palmeiras. (Foto: Thais de Albuquerque)

Livro de Cume

Livro de Cume é um caderno usado tradicionalmente em todo o mundo para registro de visitação. É mais um ritual do que um registro documental.

Em meados de 2019, o escalador Formiga, morador de Lençóis, teve a feliz ideia de colocar livro de cume nas principais Montanhas da Chapada Diamantina. Com seus próprios esforços, ele visitou o Manoel Vitor, o Camelo e o Esbarrancado, depois, com Dmitri de Igatu, colocaram mais alguns outros livros. Em dezembro de 2019 eu e Dmitri colocamos mais alguns nas Serras Altas.

Atualmente, há Livro de Cume em pelo menos 11 Montanhas da Chapada Diamantina, alguns já assinados por diversos visitantes.

Quando visitar uma Montanha, assine, comunique caso o livro esteja preenchido ou danificado ou faltando caneta/lápis.

Livro acondicionado em caixa de alumínio no Pico dos Frios subcume leste. (Foto: Orlandinho Barros)
Livro acondicionado em caixa de alumínio no Pico dos Frios subcume leste. (Foto: Orlandinho Barros)




Compartilhar WhatsApp

Compartilhe e comente nas redes sociais

Compartilhar WhatsApp