A representante da Defensoria em Tarija, Gladys Sandoval, disse à Agência Efe que as autoridades da comunidade de São Jacinto Norte, perto da cidade de Tarija, decidiram que a adolescente deve se casar com seu agressor, após realizar uma reunião com as famílias dos dois.
A menor foi estuprada quando tinha 12 anos, está perto de dar à luz e há duas semanas seu casamento foi celebrado por uma decisão da comunidade, segundo a denúncia de Sandoval.
Os dirigentes do lugar determinaram que fosse realizado o casamento civil e argumentaram à Defensoria que a menina deu consentimento para a relação sexual e que atualmente vive com o homem que a violou na casa dos pais dele.
Sandoval enfatizou que o suposto consentimento para um casamento após o estupro não tem valor legal e é mais grave ainda que uma comunidade possa fazer recomendações para que vivam juntos.
As autoridades das comunidades indígenas e camponesas na Bolívia têm prerrogativas para tomar decisões sobre conflitos internos, mas não podem fazer recomendações para encobrir delitos como este, destacou Sandoval.
A menor disse sentir apego pelo homem e não querer se separar dele, mas esses sentimentos foram condicionados pela agressão que sofreu e pela gravidez, acrescentou Sandoval.
A promotoria de Tarija investiga a denúncia de estupro, qual notário casou os dois e com qual documentação, e também emitirá medidas de proteção para a menor para evitar que tenha mais problemas, quando está prestes a ter seu bebê.
O Código de Família da Bolívia estabelece que a idade mínima para se casar é 18 anos, excepcionalmente aos 16 anos se houver autorização por escrito dos pais ou dos responsáveis legais. Compartilhar WhatsApp