Visitar lugares, conviver com suas manifestações e conhecer seus bens culturais é a essência do turismo cultural. Na Chapada Diamantina, essa experiência vai muito além da história do garimpo. A região é rica em arquitetura histórica, expressões artísticas e, especialmente, música, oferecendo um passeio completo pelo patrimônio cultural local.
Manifestações Artísticas e Música
Pelos centros históricos, é comum se deparar com apresentações de Reisado, Marujada e filarmônicas locais. Cidades como Lençóis e o distrito do Vale do Capão, em Palmeiras, se destacam pela intensa vida artística de rua, onde artistas locais e viajantes do mundo inteiro se apresentam diariamente, encantando moradores e turistas.
História do Garimpo e Arquitetura Local
A história do garimpo está presente em espaços culturais como o Museu Vivo do Garimpo, em Mucugê; na Associação União dos Mineiros (Asum), em Lençóis; e na Galeria Art&Memória, no distrito Igatu, em Andaraí. Além disso, a cultura garimpeira se reflete na arquitetura de pedra típica da região. Pontes, casas, praças e muros que dividem terras carregam a marca de gerações de cortadores de pedra. Quem percorre a BR-242 ou as estradas vicinais percebe a imponência desses trabalhos artesanais. A culinária tradicional complementa essa imersão cultural.
Espaços Culturais e Literatura
A Casa de Cultura Afrânio Peixoto, em Lençóis, abriga o rico acervo do escritor local e promove exposições permanentes e atividades culturais variadas. Edifícios do IPHAN, em Rio de Contas e Lençóis, além de sua arquitetura colonial, realizam eventos e exposições temporárias, oferecendo acesso a acervos bibliográficos históricos.
Comunidades Tradicionais
Pequenas cidades históricas da Chapada Diamantina são portas de entrada para a diversidade cultural local. O território abriga comunidades tradicionais de matriz africana, indígenas, ciganas, ribeirinhas, garimpeiras, vaqueiros e grupos alternativos, cada um com seus rituais, festejos e modos de vida únicos.
Desconectar-se do celular e explorar estradas de terra rumo às zonas rurais proporciona experiências autênticas, revelando modos de vida simples, mas ricos em saberes tradicionais. Técnicas de cultivo, culinária, construção e tecelagem se mantêm vivas por meio da oralidade, transmitidas de geração em geração.
Quilombolas
A Chapada Diamantina abriga mais de 80 comunidades quilombolas reconhecidas pela Fundação Palmares, que preservam culturas e identidades africanas ancestrais. Algumas já recebem turistas com rodas de conversa, contações de histórias e exposições de produções locais.
Em Rio de Contas, destacam-se os povoados de Barra, Bananal e Riacho das Pedras, fundados no século XVII. A culinária local surpreende com pratos como cuscuz com castanha de pequi e licor de jabuticaba. No povoado do Remanso, próximo a Lençóis, turistas podem conhecer a produção artesanal de redes de pesca, ervas medicinais, mel e desfrutar da música ao vivo da sanfona do Mestre Aurino.
Em Andaraí, a Comunidade Fazenda Velha, às margens do Rio Santo Antônio, oferece experiências de vida na roça e apresentações de Reisado. Já em Boninal, o Quilombo do Mulungú reúne cantadores de Chula, grupos de Reisado e atividades de capoeira, além de dicas de visitação ao Morro de Areia, uma duna que contrasta com a paisagem pedregosa.
Indígenas
O município de Utinga preserva a última comunidade dos Payaya, povos originários da Chapada Diamantina, liderados pelo Cacique Juvenal Payaya. As trinta famílias mantêm um viveiro com mais de 70 espécies de plantas nativas e produzem artesanatos como cachimbos, rapés e compostos de ervas medicinais. Utinga também abriga comunidades ciganas, quilombolas, ribeirinhas e vaqueiros, consolidando-se como um dos locais com maior diversidade cultural de toda a Chapada Diamantina.