Um papel essencial que começa a ganhar visibilidade
Apesar de exercerem uma função crucial na proteção ambiental, os brigadistas ainda são pouco reconhecidos — e quando se trata da presença feminina, a visibilidade é ainda menor. A profissão não é regulamentada, os dados são escassos e, historicamente, o combate ao fogo tem sido atribuído majoritariamente aos homens.
Mas esse cenário está mudando. Quem acompanha o trabalho das brigadas da Chapada Diamantina já percebe que as mulheres vêm conquistando cada vez mais espaço — e mostrando que lugar de mulher também é na linha de frente contra os incêndios florestais.
Superando barreiras e estereótipos
Esse movimento acompanha uma tendência maior na América Latina de redução das desigualdades de gênero, segundo o Índice Global de Desigualdade de Gênero. No entanto, o avanço das mulheres nas brigadas da Chapada vai além: rompe uma das barreiras mais enraizadas — a ideia de que esse é um trabalho que exige “força bruta”.
A realidade é que ser brigadista envolve muito mais do que resistência física. Os desafios são inúmeros: longos deslocamentos em mata fechada, temperaturas extremas, acampamentos improvisados e exposição constante à fumaça.
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A força e a coragem das mulheres brigadistas
Pauliana Alves, moradora de Ibicoara, é um exemplo inspirador. Ela começou a atuar ainda jovem, acompanhando o pai — um dos fundadores da brigada voluntária local vinculada à ACVIB. Desde cedo, ouviu que aquilo “não era trabalho para mulher”. Mas isso não a impediu.
“Levar ferramentas pesadas, carregar 20 litros de água nas costas e caminhar por terrenos difíceis durante a noite é difícil para qualquer um. O que conta mesmo é o jeito de lidar com o fogo. Muitas vezes, me sinto até mais preparada do que alguns homens”, relata Pauliana.
Formação, preparo e resistência
Para atuar como brigadista, é obrigatório passar por um treinamento especializado. Segundo Soraya Martins, chefe do Parque Nacional da Chapada Diamantina (PNCD), o trabalho exige diversas competências:
- Conhecimento sobre o comportamento do fogo
- Domínio de ferramentas como enxada e facão
- Técnicas de prevenção e combate
- Trabalho em equipe
- Condicionamento físico adequado
Isabelle Brandão, voluntária há mais de sete anos, lembra com emoção de quando decidiu seguir essa vocação.
“Fiz meu primeiro curso em 2012, em Mucugê. Chorei várias vezes durante as aulas. Senti que aquilo era o meu propósito de vida — não importava se diziam que era coisa de homem”, conta Isabelle.
O protagonismo feminino vai além do combate direto
Atualmente, cerca de 200 brigadistas voluntários atuam na Chapada Diamantina, além das equipes contratadas anualmente pelo ICMBio e IBAMA. E as mulheres estão presentes em todos os níveis dessa estrutura.
Soraya Martins destaca que, além da linha de frente, o sucesso do combate aos incêndios depende de várias ações estratégicas — e as mulheres têm protagonizado muitas delas:
- Coordenação de equipes
- Mobilização comunitária
- Apoio logístico (alimentação, transporte e equipamentos)
- Gestão administrativa das brigadas
“O destaque das mulheres no combate direto não é por ser mais importante, mas porque quebra o estereótipo de que esse é um trabalho exclusivamente masculino. Toda mulher pode ocupar o lugar que quiser”, reforça Soraya.
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Pioneirismo e liderança ambiental
Olívia Taylor, moradora de Lençóis, é um nome importante quando se fala em protagonismo feminino na luta ambiental. Ela foi uma das fundadoras da Brigada Voluntária de Lençóis — a primeira da Chapada Diamantina — e também ajudou a criar a Brigada de Resgate Ambiental de Lençóis (BRAL), onde atuou por quase 20 anos.
Durante sua trajetória, Olívia nunca enfrentou preconceito dentro das brigadas.
“Na equipe, todos precisam estar aptos. Caso contrário, não é seguro ir para o fogo. Não importa o gênero — importa a capacidade”, afirma Olívia.
Quer ser brigadista? Saiba o que é necessário
Se você deseja seguir esse caminho e contribuir com a preservação da Chapada Diamantina, veja os requisitos básicos:
Requisitos para ser brigadista de incêndios florestais:
- Ter mais de 18 anos
- Participar de um curso de formação reconhecido (Corpo de Bombeiros, ICMBio ou IBAMA)
- Estar em boas condições físicas
Todos os anos, o Parque Nacional da Chapada Diamantina seleciona 42 brigadistas e oferece gratuitamente o curso de capacitação à comunidade. Em breve, serão abertas 80 novas vagas — uma excelente oportunidade para quem quer fazer a diferença!
🔥 Fique atenta e acompanhe as redes do ICMBio para novas chamadas!
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