Um marco histórico na agricultura da Bahia: oliveiras frutificam após 10 anos de cultivo experimental
O que parecia um sonho distante agora se tornou realidade: a primeira safra de azeitonas da Chapada Diamantina está sendo colhida em Rio de Contas, marcando um momento inédito para o Nordeste brasileiro. Após uma década de dedicação, 500 pés de oliveiras finalmente produziram frutos, rendendo cerca de 5 toneladas de azeitonas — uma conquista que surpreendeu até os próprios produtores.
O sonho de um francês apaixonado pelo Brasil
Tudo começou com Didier Chinchila, um empresário francês que se apaixonou pelo Brasil nos anos 1970. Foi na Chapada Diamantina que ele encontrou um clima semelhante ao do sul da França, onde as oliveiras são tradição. “Parecia que eu não estava no Brasil tropical, mas sim em outro mundo”, relembra.
Encantado com o clima ameno e a altitude elevada da região, Didier apostou em um cultivo ousado: trazer oliveiras para o sertão baiano. Em 2008, através de uma parceria com a Embrapa Semiárido, ele conseguiu mudas de mais de 20 variedades da planta e iniciou o experimento.
Cooperativa, paciência e o desafio do solo
Para viabilizar o projeto, Didier fundou uma cooperativa com amigos e familiares franceses, já que o cultivo de oliveiras exige investimento de longo prazo. Das terras adquiridas, apenas três hectares foram utilizados para a plantação experimental, em uma fazenda situada a quase 1.200 metros de altitude, cercada por ícones da Chapada como o Pico das Almas e o Barbado.
Segundo o engenheiro agrônomo Cristian Rodrigo Lima, foi preciso corrigir o solo ácido, rico em alumínio, para permitir o desenvolvimento das árvores. Técnicas como poda de formação e manejo hídrico também foram fundamentais para o sucesso da lavoura.
A surpresa da primeira grande safra
Apesar de algumas perdas ao longo dos anos, a reviravolta aconteceu recentemente: as oliveiras floresceram intensamente e ficaram repletas de frutos. Os próprios funcionários da fazenda, que acompanharam todo o processo desde o início, ficaram surpresos com a colheita inesperada. O peso das azeitonas é tanto que muitos galhos se curvam quase ao chão.
Chapada Diamantina: o novo território da fruticultura
Além das oliveiras, a fazenda cultiva outras frutas como manga, maracujá e tangerina. A fruticultura tem se expandido em Rio de Contas e municípios vizinhos, impulsionada pelo clima peculiar da Chapada. Com invernos que chegam a 4°C, a região oferece condições únicas para o cultivo de frutas de mesa, como destaca o pesquisador da Embrapa Orlando Passos.
“A altitude e a amplitude térmica fazem com que frutas como a laranja e a tangerina desenvolvam melhor cor e sabor. Esse mesmo microclima pode favorecer o cultivo de oliveiras com qualidade superior”, explica.
Oliveiras: tradição milenar e símbolo de eternidade
Cultivadas há milhares de anos no Mediterrâneo, as oliveiras são árvores simbólicas e resistentes, podendo viver por séculos. Elas são mencionadas em textos bíblicos, como no episódio em que a pomba retorna à arca de Noé com um ramo de oliveira, e também aparecem no Monte das Oliveiras, local de contemplação de Jesus.
O futuro: o primeiro azeite de oliva da Bahia
O próximo passo do projeto é a produção do primeiro azeite de oliva baiano, previsto para o próximo ano. “Queremos produzir um azeite de qualidade, feito aqui mesmo na Chapada. Isso representa o potencial de desenvolvimento sustentável que essa região possui”, afirma Didier Chinchila.
Um novo sabor para a Chapada Diamantina
A experiência bem-sucedida em Rio de Contas mostra que, com planejamento, conhecimento e paciência, é possível transformar o cenário agrícola da Bahia e abrir novos horizontes para a economia local. Quem visita a Chapada Diamantina agora também poderá conhecer uma produção de azeite nas montanhas — um verdadeiro presente para os amantes da natureza, da gastronomia e da inovação no campo.
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