Conselho do Parque Nacional da Chapada Diamantina realiza encontro no Baixão para discutir permanência de moradores e preservação ambiental
A comunidade do Baixão, localizada no extremo sul de Ibicoara, foi palco da 61ª reunião ordinária do Conselho Consultivo do Parque Nacional da Chapada Diamantina (Conparna-CD), realizada no dia 1º de dezembro. A iniciativa teve como principal objetivo aproximar o diálogo entre o ICMBio, conselheiros e moradores, buscando soluções para antigos desafios vividos por comunidades que residem dentro dos limites da unidade de conservação.
Comunidades dentro do Parque: um desafio histórico
Criado em 1985, o Parque Nacional da Chapada Diamantina (PNCD) abrange diversas comunidades tradicionais, como o Baixão, onde vivem cerca de 45 famílias que sobrevivem da agricultura familiar de subsistência. Desde sua criação, o parque enfrenta o desafio de equilibrar a preservação da natureza com os direitos dessas populações.
Durante a reunião, os moradores, por meio da Associação de Moradores do Baixão (Ambai), reivindicaram o direito de continuar ocupando e cultivando suas terras, propondo como solução a desafetação da área, ou seja, a retirada da comunidade dos limites do parque.
No entanto, conforme explicou Soraya Martins, chefe do PNCD, “essa é uma alternativa complexa, pois apenas o Congresso Nacional tem competência para desafetar uma unidade de conservação federal”.
Caminhos para conciliar preservação e dignidade
Como alternativa viável, foi discutida a construção de um Termo de Compromisso, que reconheça o modo de vida tradicional das famílias e o torne compatível com a conservação ambiental. Essa proposta já vem sendo trabalhada em parceria com outras comunidades dentro do parque, como o Vale do Pati e a Fazenda Velha.
Soraya destacou que “a atual gestão do parque tem buscado soluções que preservem o meio ambiente sem ignorar a dignidade das famílias que sempre viveram na região”. A proposta é promover um diálogo contínuo, com base na escuta ativa e no respeito aos direitos humanos e ambientais.
Importância da informação e da participação
Moradores e guias locais ressaltaram a importância do encontro. Para Neilsa Xavier, guia de turismo e moradora da comunidade, a reunião foi essencial para esclarecer dúvidas sobre as regras do parque. Já Pedro Silva, agricultor de 61 anos, reforçou que o acesso à informação é fundamental para que as famílias possam seguir cultivando suas roças com segurança e dentro da legalidade.
O conselheiro Joel Pereira também pontuou que a comunidade está disposta a manter o diálogo com o ICMBio, desde que seus direitos sejam respeitados. “Queremos apenas continuar vivendo da terra, como sempre fizemos, mas sem prejudicar a natureza”, afirmou.
Próximos passos: diálogo contínuo
Uma nova reunião com a comunidade do Baixão já está agendada para o dia 24 de fevereiro, dando continuidade às discussões iniciadas. A próxima reunião ordinária do Conparna-CD ocorrerá no dia 1º de março, no município de Lençóis, também na Chapada Diamantina.
Preservação com justiça social: um modelo possível
A experiência vivida no Baixão é apenas um dos muitos exemplos dos desafios enfrentados por populações tradicionais em áreas protegidas. No coração da Chapada Diamantina, essa realidade reforça a importância de uma gestão participativa, que una turismo sustentável, conservação ambiental e respeito aos modos de vida locais.
🔍 Planejando sua visita à Chapada Diamantina? Explore nossas matérias e descubra como conhecer o parque com consciência e respeito à cultura local.