Por Cláudia Cardozo
Nos últimos anos, o Brasil comemorou a redução em 14% do índice de exploração de mão de obra infantil. Em números absolutos, o país conseguiu reduzir de 4,2 milhões de crianças em situação de trabalho para 3,7 milhões. Mas a quantia ainda é alta e a manutenção do trabalho infantil pode perpetuar o ciclo de miséria no país, por impedir que meninas e meninos brasileiros dediquem mais tempo à escola e à formação. Nos próximos dias, o Brasil vai sediar a III Conferência Global de Trabalho Infantil, que acontece em Brasília, entre os dias 8 e 10 de outubro. O evento irá fazer um balanço de todas as ações desenvolvidas no território brasileiro para combater a exploração da mão de obra infanto-juvenil. Até então, as organizações da sociedade civil discutirão os seus posicionamentos acerca do tema. Nesta perspectiva, a organização não governamental (ONG) Cipó - Comunicação Interativa realizou nesta quinta-feira (26) uma formação para atores sociais e comunicadores para debater a mudança de percepção sobre o trabalho infantil e do pensamento sobre o mito de que é preferível a criança “trabalhar” a “roubar” e que o trabalho infantil "enobrece" a criança. Ainda foram debatidos os programas governamentais e políticas públicas para erradicação do trabalho infantil no Brasil. Em uma breve avaliação, foi possível perceber que ainda há muito a se fazer para afastar os pequenos cidadãos brasileiros das atividades laborais e que sem uma mudança de pensamento, as políticas públicas não conseguem dar conta, sozinhas, de resolver o problema. A iniciativa, que integra a campanha nacional “É da Nossa Conta! Trabalho Infantil e Adolescente”, da Fundação Telefônica, em parceira com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e Unicef, pretende discutir, em nível nacional, diversas formas e estratégias para solucionar a situação. No encontro, foi discutido que o trabalho infantil não somente afasta as possibilidades de inserção qualificada no mercado de trabalho, como também representa um risco para a saúde de crianças e adolescentes. De acordo com o relato das educadoras que conduziram a oficina, Mônica Santana e Débora Didonê, muitas crianças que trabalhavam com sisal, na região sisaleira da Bahia, tiveram dedos cortados enquanto trabalhavam. Muitas também desenvolvem, precocemente, problemas de coluna, por trabalhar com atividades pesadas, como carregamento de carrinhos de mãos. De acordo com informações da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicilio (Pnad), a região Nordeste conseguiu reduzir, em 2011, 9,7% da incidência de mão de obra infantil. Em 2009, a região reduziu o trabalho infantil em 11,7%. Entre 2009 e 2011, a Bahia conseguiu reduzir o trabalho infantil em 19,84%, o que representa, na prática, o afastamento de mais de 71 mil crianças de atividades laborais.
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